Na teoria, 92% dos entrevistados62 concordam (total ou parcialmente) que os pais devem participar ativamente da criação dos filhos. Porém, quando as mães são ouvidas, elas dizem que apenas 47% dos pais cumprem esse papel. As mulheres também afirmam que somente 41% dos homens sempre as acompanham nas consultas pré-natais, nos exames de ultrassom, na maternidade e no parto.63

Informações que valem ser divulgadas

  • O pai tem papel tão importante quanto o da mãe na vida de um filho. Cabe a ele mostrar ao bebê que existem outras pessoas no mundo além da mãe, ser uma boa referência para a criança, ou seja, alguém em quem ela possa se espelhar.
  • Pesquisas64 realizadas na última década, em países em que a licença-paternidade é mais extensa e está em vigor há mais tempo, mostram que a medida teve impactos positivos no desenvolvimento das crianças, na promoção da igualdade de gêneros (pais se tornam 50% mais participativos em tarefas ligadas ao bebê) e na duração da amamentação (dividindo as tarefas de casa e do bebê com o pai, a mãe tem mais condições para amamentar).
  • O custo de se ampliar a licença-paternidade para 20 dias é pequeno para o governo: R$ 99 milhões, ou 0,999% da arrecadação federal. Veja aqui.
  • Estudos recentes mostram que o envolvimento dos pais no cuidado dos filhos faz com que as crianças apresentem melhor desempenho escolar e menores taxas de delinquência.65
  • A ajuda que a presença e o apoio do pai representam na amamentação (citada acima) pode ser relacionada a dados como o de que amamentar por seis meses ou mais gera um aumento de 20% a 30% do crescimento da matéria branca do cérebro, responsável pela rapidez das sinapses, quando a criança chega aos 2 anos.

Informação sem complicação

  • Valorize a presença do pai na vida dos filhos, mostrando exemplos ou mesmo citando as últimas descobertas da ciência sobre sua importância.
  • Os avanços na legislação podem ainda ser mencionados para mostrar a relevância do papel do pai. O Marco Legal da Primeira Infância, por exemplo, determinou que a mãe e o pai ou os responsáveis têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança.
  • Com o Marco Legal, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, também passou a vigorar com mais garantias para os pais, como até dois dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez da esposa ou companheira e um dia por ano para acompanhar o filho de até 6 anos em consulta médica (art. 37, incisos X e XI). Avanços como esses são um importante sinal dos novos tempos e podem, sempre que possível, ser valorizados.
  • Procure ressaltar a importância do pai no desenvolvimento da criança desde a gestação (veja mais abaixo Ferramentas de comunicação e outras inspirações).
  • Além de outras ações, dê sugestões de como o pai deve participar em diferentes momentos da vida da criança. Na gestação, por exemplo, ele pode dar suporte e acolher as ansiedades da mãe. Em cada etapa, haverá necessidades específicas, que devem ser destacadas.
  • Ao falar sobre o papel do pai, evite classificá-lo como alguém que “ajuda” ou “auxilia” a mãe, minimizando a sua importância. Reforce o perfil participativo, de preferência com exemplos.
  • Procure não fazer comunicações direcionadas apenas às mães.
  • Evite sempre fazer juízo de valor e comparações. O pai pode alimentar, brincar ou trocar a criança de um jeito diferente do da mãe, sem que isso seja necessariamente certo ou errado.

Ferramentas de comunicação e outras inspirações

Sugestões de imagens

  • Para valorizar o papel do pai na vida da criança, utilize imagens que apresentem pais e filhos interagindo em diferentes situações, não apenas brincando: durante as refeições, no banho, na hora de dormir, desenhando etc.
Crédito: Raoni Maddalena
  • Mostre o homem em situações de apoio à mulher durante a gestação, seja durante exames e consultas, seja na hora do parto ou em momentos de descanso.
Crédito: V.ivash - Freepik.com

Pais que dão o exemplo

No filme O Começo da Vida, há exemplo de pai que deixou a carreira para cuidar dos filhos ou que divide as tarefas domésticas e os cuidados com as crianças de maneira equilibrada com as mães.

“Hoje é comum ouvir dizer que os pais ajudam mais. Quando se fala a palavra ajuda, parte-se do pressuposto de que a responsabilidade é da mãe. Na verdade, existem pais que participam e pais que não participam. A ideia não é em relação à mãe, e sim em relação ao bebê”, alerta Anna Maria Chiesa, professora de Enfermagem em Saúde Coletiva da USP e consultora técnica da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, no documentário.